Do título ao desespero: Bahia quebra jejum, mas termina ano no sufoco

4 de dez. de 2012

Durante o ano de 2012, Tricolor conseguiu voltar a ser campeão estadual, mas lutou contra o rebaixamento durante toda a temporada.

Um ano de altos e baixos. Alegria e apreensão juntas e misturadas. Preocupações, êxtase, incertezas e alívio. Assim foi 2012 para o Bahia. No segundo ano consecutivo na Série A do Campeonato Brasileiro, o Tricolor comemorou o fim de um jejum, mas não conseguiu nada além de lutar contra o rebaixamento até a última rodada.
A temporada que começou com o deslumbramento do título estadual – conquista que o Bahia não conseguia desde 2001 – terminou da mesma forma que no ano passado. Sufoco e inquietação até o último minuto. O medo de ser rebaixado e a campanha abaixo da média pela segunda vez consecutiva mancharam o ano que poderia ficar marcado como um recomeço na história de conquistas do Tricolor.
rafael ATLÉTICO (GO) X BAHIA (Foto: Adalberto Marques/Agif/Agência Estado)O atacante Rafael marcou o último gol da equipe no ano (Foto: Adalberto Marques/Agif/Agência Estado)
No final das contas, o alívio se torna a palavra do ano. Alívio por ter encerrado o ciclo de mais de uma década sem levantar uma taça. Alívio por acabar com a gozação do maior rival. Alívio por recuperar a hegemonia estadual. E, além de tudo, alívio por ao menos se garantir na elite do futebol brasileiro. Por mais que isso seja pouco.
No ano, o Bahia disputou 73 partidas entre Campeonato Baiano, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana. O Tricolor venceu 31, empatou 21 e perdeu 21. O ataque marcou 108 gols e a defesa sofreu 76, saldo de 32. O aproveitamento geral foi de 52%.
Base mantida e título na história
A diretoria do Bahia iniciou a temporada de maneira bem diferente dos últimos anos. Acusada de não manter a base de um ano para o outro, o clube fez diferente em 2012. Depois de se livrar do rebaixamento na penúltima rodada do ano anterior, decidiu ficar com a maior parte do elenco. Jogadores e comissão técnica terminaram um ano e iniciaram o outro no Fazendão.
Com o elenco mantido e novo fornecedor de material esportivo, o Bahia mudou o roteiro dos últimos anos no campeonato estadual. A equipe que sempre ficava atrás dos adversários na primeira fase passou a ser protagonista. Com estilo de jogo diferenciado, chamou a atenção no país por ter o melhor ataque do Brasil. Pela primeira vez desde 1994, o Tricolor foi para a decisão do Baianão com a vantagem de atuar por dois jogos com saldo de gols igual e decidindo em casa.
Bahia, Taça de Campeão (Foto: Angelo Pontes / Agência Estado)Jogadores levantam troféu do Campeonato Baiano de 2013 (Foto: Angelo Pontes / Agência Estado)
E foi campeão com total merecimento. Foi o time que fez a melhor campanha em todo o Campeonato Baiano. Foram 26 jogos com 17 vitórias, seis empates e apenas três derrotas. Aproveitamento de 73% e nove pontos de vantagem para o segundo colocado na fase de classificação. Além disso, o melhor ataque da competição com 61 gols marcados.
Fora da Bahia, nada de sucesso
Enquanto desfilava nos gramados da Bahia, o Esquadrão de Aço não teve o mesmo desempenho em competições nacionais e, até mesmo, internacionais. Na Copa do Brasil, eliminação do Auto Esporte no primeiro jogo da primeira fase, Remo e Portuguesa passados para trás e o tropeço para o Grêmio nas quartas de final da competição. O desejo do título nacional ficava no caminho.
Ademilson e Titi, Bahia x São Paulo (Foto: Rubens Chiri / Agência Estado)Bahia enfrentou o São Paulo na fase nacional da
Sul-Americana (Foto: Rubens Chiri/Agência Estado)
O ano marcou também o retorno do Bahia a uma competição internacional após 23 anos. Mas o Tricolor não foi tão internacional assim. Classificado para a fase nacional da Sul-Americana, a equipe teve o São Paulo pela frente. Perdeu em Pituaçu e no Morumbi por 2 a 0. Foi eliminado da Copa Sul-Americana sem nem ter o gostinho de viajar para fora do Brasil.
Na Série A do Campeonato Brasileiro nada de alegria. O Bahia começou mal a competição, só venceu o primeiro jogo na quinta rodada. No primeiro turno, somou apenas 17 pontos – 13 a menos do que foi conquistado na segunda metade da competição.
- Foram 17 pontos em 19 jogos. Isso prejudicou a gente. O segundo turno nosso foi bom. Qualquer time joga partidas ruins. Mas o primeiro turno foi horrível e não poderia ter acontecido – lamentou o meia-atacante Gabriel.
O Esquadrão teve a 16ª campanha do primeiro turno e a quinta da segunda metade da competição. Foi o quarto pior mandante e o sexto melhor visitante. Inconstância que gerou a preocupação do rebaixamento até a última rodada. A melhor posição da equipe baiana na tabela de classificação foi o 11º lugar. A colocação mais ocupada foi o 16º. O Tricolor esteve por 11 rodadas na entrada da zona de rebaixamento.
Falta de planejamento e quarteto na beira do campo
Campanha do Bahia em 2012
Dentro de casa Fora de casa
16 vitórias 15 vitórias
13 empates 8 empates
7 derrotas 14 derrotas
60 gols marcados 48 gols marcados
33 gols sofridos 46 gols sofridos
Um dos pontos marcantes do Bahia neste ano foi a constante troca no comando técnico. Entre demissões e opções do profissional, foram quatro treinadores em 11 meses de competições. Rotatividade alta que acabou gerando prejuízos para a equipe dentro de campo.
Com a manutenção da base do ano passado, Joel Santana foi mantido como treinador no início da temporada. O “Papai Joel” ajudou a equipe a se livrar do rebaixamento em 2011 e iniciou o planejamento em busca do título estadual. Mas não resistiu a um chamado do Flamengo e decidiu sair.
Com a surpresa de uma saída repentina, a diretoria decidiu inovar e ousar. Paulo Roberto Falcão, que estava desempregado, foi o chamado para terminar a missão no estadual. Mudou o estilo de jogo, colocou o time para frente e encerrou o jejum de títulos. Mas sofreu com a deficiência do elenco no início do Brasileirão e foi demitido.
Na nova troca da comissão técnica, Caio Júnior foi eleito como o ideal para o momento do Bahia. No entanto, não durou muito. Após dez jogos (pouco mais de um mês), alegou problemas familiares e pediu para sair da equipe. Nem se despediu dos jogadores antes de ir embora.
Mais uma vez o inesperado tomou conta da direção. E o treinador que salvou o Bahia do rebaixamento chegou não de um planejamento e estudo do clube, mas de um momento totalmente impensável. Com a desistência de Caio Júnior, rapidamente Jorginho foi contactado e aceitou a proposta.
jorginho, técnico do bahia (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação)Jorginho chegou na Série A e livrou o Bahia do rebaixamento (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação)
Dos quatro treinadores que passaram pelo Fazendão neste ano, o melhor aproveitamento foi daquele que disputou a maior parte do Campeonato Baiano. Em 36 jogos, Falcão teve 53,7% de aproveitamento. Em seguida aparece Jorginho, com 52,6%. Joel Santana está na terceira colocação com 48,4% de aproveitamento em 22 jogos (entre 2011 e 2012). Caio Júnior teve o pior desempenho entre os técnicos do Bahia neste ano (30%).
- O problema é que, quando muda demais... Quantas vezes o Náutico trocou de técnico? Nenhuma. Essas coisas são difíceis. Futebol não é fácil. Se fosse fácil, todo mundo estava nele – lamentou Jorginho, que negocia a renovação de contrato com o Bahia para que, pela segunda vez consecutiva, o time mantenha o treinador de um ano para o outro. Mas que em 2013 o desespero não tenha tanto espaço no sentimento tricolor.

 

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