Em duas temporadas na Série A, Tricolor se acostumou a brigar para não cair e colocou à prova o coração do torcedor.
O que o Bahia de 2012 diria para o Bahia de 2011? Entre conselhos e histórias, é provável que o Tricolor do presente contasse ao seu reflexo do passado que a vida não lhe havia reservado um destino dos mais agradáveis. Talvez, o Esquadrão deste ano até cantasse os versos da música ‘Esquilo não samba’, da banda Móveis Coloniais de Acaju, só para ilustrar melhor o aviso que pretendia deixar claro ao seu semelhante.
O Bahia brigou para não cair durante todo o Brasileirão 2012 (Foto: Adalberto Marques/Agif/Agência Estado)
- Muito prazer, eu sou você amanhã. Só não me apresentei antes por medo
de desmotivar. Eu sei que é triste, mas não se deixe abalar. Terás dias
bons, cujo número eu posso contar. Não vou mentir, na sua média você
será medíocre.Dono da 13ª maior torcida do país, segundo dados do IBGE, o Tricolor abandonou o passado de glórias e hoje vive à sombra do prestígio construído por craques que já abandonaram o futebol há muito tempo. Desde 2011, quando voltou à Série A após sete anos em divisões inferiores, o Bahia se contentou em lutar para não ser rebaixado para a Segundona, tarefa que parece ser o destino dos times recém-promovidos à elite do futebol nacional, mas que não agrada em nada adeptos que viveram acostumados a vibrar com títulos.
Nestes dois anos em que disputou a Série A, o Tricolor entrou em campo 76 vezes. No quadro geral, foram 22 triunfos, 27 empates e 27 derrotas. Dos 228 pontos em jogo, conquistou apenas 93, um aproveitamento de somente 40%. Na média, o Bahia obteve 46,5 pontos por temporada, rendimento que só é melhor do que os times que acabaram rebaixados.
Em Pituaçu, o Bahia obteve apenas cinco triunfos
em 2012 (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)
O papel que o Tricolor figurou no campeonato nacional nas últimas duas
temporadas é resumido por uma marca. A 11ª colocação, obtida no primeiro
turno do Brasileirão deste ano, foi a melhor posição que o Bahia
conseguiu desde que retornou para a Série A em 2010.em 2012 (Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)
Para piorar o quadro, o time baiano figurou na zona de rebaixamento em 16 oportunidades entre 2011 e 2012. No ano passado, o Bahia esteve na área de degola 12 vezes. Com campanha irregular, o time Tricolor só conseguiu se salvar do descenso na penúltima rodada, após empatar com o Santos.
Na atual temporada, o Bahia apareceu no Z-4 em quatro ocasiões e viveu um grande drama até escapar da Segunda Divisão. A permanência da equipe comandada por Jorginho na Série A só foi confirmada na última rodada da competição, após um triunfo fora de casa sobre o Atlético-GO, com gol de Rafael nos minutos finais da etapa final. O sonho de lutar por algo mais no segundo ano consecutivo na Primeira Divisão não passou para o campo prático. Ficou apenas no imaginário, e só.
Entre a comemoração e a frustração
Nos dois últimos anos, o Bahia teve pequenos espasmos de comemoração entre os longos períodos de sofrimento. Em 2011, o Tricolor iniciou a temporada festejando o retorno para a Série A, mas não demorou a perceber que a elite do futebol nacional exigia muito mais do que apenas entusiasmo. Logo na estreia pelo Brasileirão, uma derrota para o América-MG, adversário que o time baiano havia batido duas vezes no ano anterior, pela Segunda Divisão.
O Bahia só conseguiu vencer a primeira no Brasileirão de 2011 na 5ª rodada, quando surpreendeu o Fluminense por 1 a 0 no Maracanã. O Tricolor terminou a competição com 46 pontos. Dentro do campeonato, foram 11 vitórias, 13 empates e 14 derrotas. A maioria dos resultados positivos foram conquistados em Pituaçu. Em Salvador, o time baiano obteve 7 triunfos, 7 empates e 5 derrotas. Marcou 26 gols e sofreu outros 23.
O primeiro triunfo do Bahia na Série A de 2012 foi contra o Sport (Foto: Erik Salles / Futura Press)
Em 2012, um cenário bastante semelhante. O Bahia iniciou o Brasileirão
deslumbrado pelo título estadual – conquista que não conseguia desde
2001 -, mas enfrentou uma via-crúcis para não acabar o ano na Segunda
Divisão. Na estreia, um empate diante do Santos em Pituaçu. O primeiro
triunfo mais uma vez só ocorreu na 5ª rodada, sina de um time que até
pensou que iria lutar pelas primeiras posições, mas no fim pareceu ter
se acomodado a passar mais um ano na parte de baixo da tabela de
classificação.Na atual temporada, um desempenho levemente superior ao do ano passado. O Bahia terminou o Campeonato Brasileiro com 47 pontos, um a mais que em 2011. No total, foram 11 vitórias, 14 empates e 13 derrotas. Com Souza machucado em metade do campeonato, o Bahia obteve uma marca inglória. Foi o time de pior ataque da Série A com 37 gols marcados, dois a menos que o Figueirense, lanterna da competição.
Para 2013, fica a esperança de que o Bahia retome o caminho da grandeza e deixe enterrado no passado a briga para não cair de divisão. Para o torcedor, o diálogo entre o Tricolor de 2013 com o Tricolor de 2012 e o de 2011 tem que ser diferente, com um tom mais orgulhoso, de que conseguiu resgatar uma glória que há muito parecia estar perdida.
O primeiro passo foi dado. Jorginho renovou contrato com o Bahia e permanecerá para a próxima temporada. O treinador comandou o Tricolor na Série A deste ano em 19 jogos, com oito triunfos, seis empates e cinco derrotas, e obteve a 5ª melhor campanha do 2º turno da Série A, ficando atrás apenas de São Paulo, Fluminense, Grêmio e Corinthians. Parece pouco, mas significa uma grande evolução para quem passou dois anos seguidos amargando a luta para não descer de divisão.
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